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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Turismo como Libertação



Foto: Renato Mascarenhas
       Você prefere viajar para Disney, para um Resort, para Índia, ou Bolívia?
Algumas pessoas escolhem viajar para um mundo  de fantasias, onde há uma substituição da realidade por  uma representação imaginária. Outras encaram destinos  que enfrentam a dura realidade da miséria.
A primeira vez que fui para a Bolívia, em 2004, vi  muita miséria. Mesmo acostumado com as pessoas em situação de rua no centro de São Paulo, uma caminhada pelo centro de La Paz me chocou, de cara vi uma criancinha andando descalça no gélido inverno, rosto queimado pelo frio e olhos carentes. Pouco depois uma senhora estirada ao chão, suja, doente, seu olhar desesperado clamava por ajuda. Em 2007 voltei para Bolívia, passando por lugares bem remotos, abandonados, sustentados por eventuais turistas.
Muitas vezes o turismo provoca esse encontro de culturas diferentes, podendo trazer uma proximidade entre elas, vencendo o abismo que há entre os polos emissores e receptores, turistas e oprimidos.
Nas novas formas de turismo, como o turismo alternativo, turismo voluntário, turismo humanitário, entre outros, o turista tem a possibilidade de viajar para reconhecer o Outro na sua diferença, sensibilizando-se e responsabilizando-se pela situação.
Ao visitar uma cultura oprimida, percebemos que o Outro solicita a nossa solidariedade a partir da exposição da sua corporeidade sofredora. Essa solicitação nos ordena, eticamente, que O ajudemos. Essa ajuda pode ser simplesmente fazer turismo ali, movimentando a economia, incentivando novos visitantes, expondo os problemas do local e exigindo melhores condições.
A aproximação entre os diferentes se dá com o reconhecimento de algumas semelhanças no Outro, o que levará ao acolhimento do seu semelhante e, desse acolhimento, nasce o reconhecimento mútuo que forma a comunidade. Tal reconhecimento coloca-nos como responsáveis pela vítima face ao sistema. E sendo responsável pela vítima, face ao sistema, devemos por obrigação ética, criticar esse sistema porque ele causa a exclusão, a opressão da vítima. (DUSSEL, 2007)
A libertação, portanto, consiste na desalienação das pessoas e na instauração de uma nova ordem fundada na ética, na sustentabilidade e no respeito à alteridade, com a ajuda do turismo.


 



Links 
 http://www.tucum.org/oktiva.net/2313/secao/21533
 http://www.amazoniacomunitaria.org/
 http://www.saudeealegria.org.br/turismo/
 http://www.turismosolidario.com.br/index.php
 http://www.aiesec.org.br/faca-intercambio/cidadao-global/#tab1
 http://www.visitmexico.com/pt-br/turismo-alternativo
 http://www.aventurahumanitaria.com

  Bibliografia
DUSSEL, Henrique. Ética da libertação: na idade da globalização e exclusão. 3ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das viagens. 3. ed. São Paulo: Aleph, 2009.
SANTANA, Agustín. Antropologia do Turismo: Analogias,Encontros e Relações. Trad. Eleonora Barreto. São Paulo: Aleph, 2009.
SANTOS, Milton.  Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal, Rio de Janeiro, Record, 2000.
ZAOUAL, Hassan. Do turismo de massa ao turismo situado: quais as transições?. Caderno virtual de turismo, volume 8, nº 2 ,2008
 







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