Foto: Renato Mascarenhas |
Você
prefere viajar para Disney, para um Resort, para Índia, ou Bolívia?
Algumas
pessoas escolhem viajar para um mundo de fantasias, onde há uma substituição da
realidade por uma representação imaginária. Outras encaram destinos que
enfrentam a dura realidade da miséria.
A primeira vez que fui
para a Bolívia, em 2004, vi muita miséria. Mesmo acostumado com as pessoas em
situação de rua no centro de São Paulo, uma caminhada pelo centro de La Paz me
chocou, de cara vi uma criancinha andando descalça no gélido inverno, rosto
queimado pelo frio e olhos carentes. Pouco depois uma senhora estirada ao chão,
suja, doente, seu olhar desesperado clamava por ajuda. Em 2007 voltei para
Bolívia, passando por lugares bem remotos, abandonados, sustentados por
eventuais turistas.
Muitas
vezes o turismo provoca esse encontro de culturas diferentes, podendo trazer
uma proximidade entre elas, vencendo o abismo que há entre os polos emissores e
receptores, turistas e oprimidos.
Nas
novas formas de turismo, como o turismo alternativo, turismo voluntário, turismo
humanitário, entre
outros, o turista tem a possibilidade de viajar para reconhecer o Outro na sua
diferença, sensibilizando-se e responsabilizando-se pela situação.
Ao
visitar uma cultura oprimida, percebemos que o Outro solicita a nossa
solidariedade a partir da exposição da sua corporeidade sofredora. Essa
solicitação nos ordena, eticamente, que O ajudemos. Essa ajuda pode ser
simplesmente fazer turismo ali, movimentando a economia, incentivando novos
visitantes, expondo os problemas do local e exigindo melhores condições.
A aproximação entre os diferentes se dá com o reconhecimento de
algumas semelhanças no Outro, o que levará ao acolhimento do seu semelhante e,
desse acolhimento, nasce o reconhecimento mútuo que forma a comunidade. Tal reconhecimento coloca-nos como responsáveis
pela vítima face ao sistema. E sendo responsável pela vítima, face ao sistema, devemos por obrigação ética, criticar esse sistema porque
ele causa a exclusão, a opressão da vítima. (DUSSEL, 2007)
A
libertação, portanto, consiste na desalienação das pessoas e na instauração de
uma nova ordem fundada na ética, na sustentabilidade e no respeito à alteridade,
com a ajuda do turismo.
Links
http://www.tucum.org/oktiva.net/2313/secao/21533
http://www.amazoniacomunitaria.org/
http://www.saudeealegria.org.br/turismo/
http://www.turismosolidario.com.br/index.php
http://www.aiesec.org.br/faca-intercambio/cidadao-global/#tab1
http://www.visitmexico.com/pt-br/turismo-alternativo
http://www.aventurahumanitaria.com
Bibliografia
DUSSEL, Henrique. Ética
da libertação: na idade da
globalização e exclusão. 3ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
KRIPPENDORF,
Jost. Sociologia do turismo: para uma
nova compreensão do lazer e das viagens. 3. ed. São Paulo: Aleph, 2009.
SANTANA, Agustín. Antropologia do
Turismo: Analogias,Encontros e Relações. Trad. Eleonora Barreto. São Paulo:
Aleph, 2009.
SANTOS, Milton.
Por uma outra globalização:
do pensamento único à consciência universal, Rio de Janeiro, Record, 2000.
ZAOUAL, Hassan. Do
turismo de massa ao turismo situado: quais as transições?. Caderno virtual de turismo, volume 8, nº 2
,2008
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